09 julho 2018

Games E Justiça Social

Olá estranhos, sem muita introdução vou penetrar rapidamente no assunto, assim mesmo, vou enfiar o que tenho a dizer em você, sem romantismo nenhum porque somos todos adultos e podemos usar a lógica ao invés de sentimentalismo nessas horas, não é mesmo?
Pois bem, o sentimentalismo, ao que parece, vai suplantar a lógica e no mundo dos games não é diferente.
Tá bem, me explico melhor. Nessas épocas de E3, tivemos vários anúncios de novos jogos, coisa que acontece anualmente como todos que jogam vídeo games bem sabem. Porém, nesse ano a política social se fez presente na maioria dos anúncios, com as tais da inclusão e representadividade entrando em voga. E é aqui que a lógica e o sentimentalismo barato entraram em conflito de diversas formas e lados.
Começando por ordem cronológica de tretas, um pouco antes da E3 em sí tivemos o lançamento do trailer do Battlefield V, um jogo que estava sendo aguardado pelos fans da franquia (faço parte dessa base de fans). O trailer, lançado após alguns teasers curtos que não deixava nada claro e aumentava ainda mais o hype, mostrou que o jogo se passará na Segunda Guerra Mundial mas terá soldados mulheres, muitas opções de personalização do seu soldado no modo multiplayer, contando até com escolhas de próteses para braços e pernas.
Pois é, nós que somos fans de Battlefield sempre elogiamos a preocupação da franquia em respeitar o lado histórico dos combates. Daí trazem um jogo de uma das guerras mais famosas da história com mulheres, que não fizeram parte do front na guerra em questão, com soldados cheios de próteses, coisas inconcebíveis, ainda mais na década de 40, onde a tecnologia proporcionava próteses tão rudimentares. A resposta do público ao trailer do jogo foi rage, pois além da (digamos) "licença poética" (para não dizer cagada) com a história, ainda contamos com coisas que desvirtuam o gameplay, que já tem sua identidade a incontáveis anos, do BF (apelido íntimo de Battlefield, só para os chegados). O vídeo do tal trailer recebeu uma enxurrada de descortir, a fanbase de BF declarou seu descontentamento com o próximo lançamento em redes sociais e a resposta da EA (que é a responsável pelo lançamento) foi, "machismo".
Sim, a EA além de não dar a mínima para a reclamação da galera, ainda mudou o foco das reclamações, anunciando que o rage era por causa da adição de mulheres no game. Fato que não é verdade, já que a reclamação de todos sempre foi que não havia mulheres no front, caso coloca-se uma classe feminina que corrobora-se com os acontecimentos históricos, ninguém reclamaria, rolaria era elogios.
A EA conseguiu assim fazer com que os justiceiros sociais comprassem a briga (pois o jogo eles não vão comprar), taxando assim os jogadores de BF de machistas patriarcais que tem pinto pequeno. Ou seja, a EA usou os sentimentos de justiça dessa galera contra a nossa razão.
Daí veio a E3, com mais trailers e Gears 5 surgiu, fazendo nós fans molhar nossas calcinhas. O jogo está lindo e o trailer dá um tom que a história focará em um caminho novo. Porém, a personagem principal não será mais um membro da família Fenix, será Kait Diaz, que já apareceu no Gears Of War 4 como coadjuvante e roubou a cena, já que JD Fenix (filho do Marcus Fenix) não é tão marcante assim. O trailer teve a participação de JD e até mesmo Marcus Fenix, porém, ao que parece, eles participarão apenas de um trecho da aventura de Kait e o resto focará na história dela.
Sinceramente achei bem legal essa nova perspectiva e estou bem curioso para ver aonde essa nova aventura vai acabar e o que vai revelar de novo. Porém, alguns fans não usaram a lógica e reclamaram por causa da nova protagonista mas foi algo pequeno já que o grande foco das reclamações foi a ausência de um Fenix no protagonismo do game, sendo assim, entrou aqui só um pouco de emoção desses caras mesmo.
E finalmente chegamos ao caso Last Of Us Part 2 com seu beijo lésbico (sim, existe cara reclamando disso pois se diz "hétero" e não gosta da idéia de duas mulheres se pegando). O caso é que um dos jogos mais aguardados, com mais expectativas que o que há dentro das roupas íntimas daquele ser humano desejado, teve um beijo lésbico em seu trailer, sendo que o mesmo foi reproduzido pelas atrizes que fizeram a captura de movimento do jogo no palco da apresentação da Sony na E3. 
Esse tal beijo não é gratuito, pelo contrário, ele ambienta muito bem o porque de todo ódio mostrado pela personagem Ellie. Ellie que por sua vez se desenvolveu no primeiro game e na sua DLC, descobrindo sua orientação sexual neles, ou seja, nenhuma novidade em a menina ter uma namorada, ou noiva, ou seja lá o que a outra personagem é.
Como disse e vou me repetir, porque sempre faço isso, o beijo não é gratuito e depois dele fica claro que alguma coisa aconteceu com a outra personagem e que por isso Ellie está bem puta da vida. Sério, até na movimentação durante o gameplay você sente o ódio de Ellie, ela age da maneira mais brutal possível em todas situações. Magnífico tudo isso né? A produtora não forçou a barra, criou uma personagem homossexual, sendo que isso não é o que ela apenas é, e sim é parte do que ela é.
Mas uma galera aí não raciocinou direito e por seus sentimentos saiu difamando o game. Uma galera que não aceita uma personagem como ela é, por um simples detalhe, que não afeta em nada a qualidade do jogo. 
Pois é, sentimentos e mais sentimentos. Outros casos aconteceram, porém só queria ressaltar esses que nos mostram todos os lados dos sentimentos. 
As pessoas precisam começar a usar a cabeça além de seus corações amargurados. Representividade, apesar de uma palavra tosca, é algo importante. Se uma pessoa homossexual joga games, ela merece ter personagens homossexuais para se espelhar, mulheres devem ter personagens que não sejam apenas um monte de peitos e bundas para poderem jogar. Mas, e sempre tem um mas e não um mais, pois mais é pra adição como quem tem uma mínima noção de gramática bem sabe. Mas isso deve ser feito com dignidade, ou seja, com personagens femininas que respeitam contextos, com personagens homossexuais que não estejam no jogo apenas para cumprir cota e ficar repetindo que é gay. 
Isso tudo é só o começo de algo que está chegando pra ficar, um jogo deve ser visto por suas qualidades e não apenas por políticas sociais. O grande problema é isso, a mídia de games muitas vezes esquece de falar das mecânicas e inovações do jogo em sí para se apegar a escândalos sociais, fazendo no fim com que o publico se aliene aos jogos e pensem apenas em política, tomando emoções baratas para sí.

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