26 setembro 2022

Crypta SESC Belenzinho

Minha mãe fala sempre que "quando uma coisa tem que ser, será". Pois bem, esse show da Crypta tinha que ser e foi. No dia 17 de Setembro houve um showzaço da Crypta no SESC Belenzinho, nós ficamos sabendo desse show na mesma semana que iria rolar, por motivos além da explicação fui deixando para comprar os ingressos para depois, e esse depois acabou sendo o dia do show e advinha só, esgotaram. Cheguei a ligar na bilheteria para saber se não havia dois ingressos perdidos numa gaveta qualquer lá e nada. Desencanamos e seguimos nossas vidas.

Decisão daquele sábado foi ficar em casa, comprar comidinhas e assistir filmes e séries enquanto toma cerveja e se enche de comida nada saudável. Foi chegando do mercado que minha mulher avisou que apareceu ingressos na bilheteria, só joguei as sacolas dentro de casa, peguei minha carteira e corri pro SESC que ainda não conhecia.

Chegando no local um banho de agua fria numa friaca de 14º. O SESC Belenzinho é enorme e tem um público considerável de tudo que é idade e tribos, um baita rolê depois para encontrar a bilheteria para descobrir que já era aqueles ingressos. Bate um baita desanimo, pergunto na bilheteria se há alguma chance de aparecer outros e são bem claros que não tem chance nenhuma, mas avisam que tem muita gente que compra vários ingressos para levar amigos que acabam não podendo ir, essas pessoas geralmente revendem os ingressos na entrada dos eventos. Surgiu uma ponta de esperança e decido ficar até a hora de abertura dos portões do show, faltavam ainda umas duas horas.

Enquanto como o que viria a ser meu almoço, vejo a banda passar o som e isso me empolgou, tocaram duas musicas e que pancadaria das boas foi aquela com o publico mais inusitado possível, sério, tinha famílias com crianças que perguntavam o que era aquilo, senhorinhas tirando selfies fazendo chifrinhos com as mão enquanto achavam aquele barulho pitoresco e eu mais alguns headbangers perdidos curtindo a situação.

Passagem de som com direito a senhoras cinegrafistas.

A fila se forma, nada de ingressos, os portões se abrem, nada de ingressos, uma segunda fila de desesperados sem ingressos surge, Nada de Ingressos, minha mulher chega ao ambiente, NADA DE INGRESSOS, congelo de frio e nada de ingressos. Estávamos começando a acreditar que não ia rolar, já planejando para onde iriamos dali quando do nada um funcionário do SESC avisa que surgiu uma pequena leva de ingressos, e sim senhoras e senhores, pudemos assistir ao fucking show!

Todo sacrifício valeu a pena já que esse show foi o que nos tirou o jejum pós pandemia de shows, o ultimo que havíamos ido foi em 2019, do Evergrey, antes da desgraça explodir nas nossas caras. 

Tainá, monstra demais!

O show da Crypta é tudo que se espera de uma banda de death metal, pesado, reto e sem frescura. As minas já entram no palco espancando tudo e do inicio ao fim é porradaria sem dó. Elas tocam o álbum Echoes of the Souls (único lançado até o momento) de cabo a rabo e sem dó.

Fernanda Lira, total showgirl demais.

A guitarrista, que ainda não sabemos se é definitiva ou não, Jéssica di Falchi toca muito e tem muita presença de palco, as outras musicas, Tainá Bergamaschi na outra guitarra não deixa a desejar em nada, Luana Dametto que pra mim é um dos melhores bateristas dessas ultimas décadas e Fernanda Lira que pode ser colocada no panteão dos showmans com uma grande presença de palco e sabendo tirar o melhor do publico. Aliás vem aqui uma observação que queria fazer, uma vez vi uma entrevista do Bruce Dickinson onde ele dizia que um vocalista tem que saber fazer com que o cara que tá lá no fundo do publico se sinta tão parte do show quanto o cara que tá na grade e a Fernanda Lira consegue isso, com toda aquela influencia do Cronos que ela tem.


O show inteiro foi avassalador como poucas bandas conseguem fazer para manter a energia no talo, com direito até a falha técnica em I Resign, onde a iluminação inteira do local caiu, a banda parou e aos sons de um publico totalmente empolgado pedindo pra recomeçar de novo, a banda tocou novamente a musica com muito mais ferocidade, o que no final rendeu a Fernanda Lira avisando que foi a primeira vez que repetiram uma musica e que adorou fazer isso.

#FicaJessica

Como falei, o show é o álbum Echoes of the Souls na íntegra e cada música se encaixa muito bem no show, até as mais arrastadas, dando aquele respiro antes das pancadaria que vem depois. Meus sons prediletos entre todos muito bons foram Starvation, com um belo discurso sobre o Brasil ter infelizmente voltado ao mapa da fome e miséria, Kali com o refrão gritado pelo publico e From The Ashes que é o single mais conhecido da banda e um som foda pra um caralho!

Luana, um dos melhores bateras que já vi.

No final de tudo ainda rolou um meet n' greet para fotos e autógrafos com as meninas que são extremamente simpáticas com todos. Sim saí com meu vinil autografado pela banda e falei para a Jéssica ficar pois ela é a cara daquela banda e aquela formação está como deve ser.

Minha nova criança toda autografada.

Enfim, ver uma banda de porte internacional de pertinho, tocando sem dó, demonstrando um baita carinho por tudo aquilo e ainda dando muita atenção ao publico mostra que elas estão crescendo cada vez mais pelo excelente trampo que fazem e que muitas outras bandas deveriam seguir o exemplo delas. Valeu pelo desjejum e que venham outros shows.