12 dezembro 2023

Paul McCartney - Got Back no Allianz Parque

As vezes ir num show não é apenas ir ver uma apresentação ao vivo de um músico, as vezes é ir exorcizar seus demônios, as vezes é lembrar bons tempos, as vezes é apenas viajar naquilo que você ama sobre influência de fortes psicotrópicos, as vezes é apenas querer curtir um belo espetáculo, as vezes é querer se emocionar e as vezes é para ver a história acontecendo na sua frente. Essa tour do Macca é basicamente tudo isso e mais um pouco.
Dessa vez fomos de pista VIP, bancando os playboy safados. E como é bom estar lá, pertinho do palco, tão perto que o telão fica ruim de visualizar. A entrada é outra, cheia de pequenas mordomias, como tatuagens a base de água. Chegamos as 18 horas no estádio que já tava bem cheio, para um show que teria início as 20 horas.
Esperas intermináveis e umas 19h30 entra um velho DJ já metendo aquele cover lindo da Rita Lee, ficamos imaginando o quanto ela deveria estar feliz vendo essa homenagem vinda antes do show de um Beatle. 30 minutos de DJ e público empolgado cantando junto, a porra vai começar, ou quase.
Quase, porque ao invés de show o que ganhamos foi uma animação no telão. Uma animação vertical de um prédio que a cada andar era uma fase da carreira de McCartney. De uma jovem criança, passando a um Beatle, Wings e chegando a sua carreira solo. Até que emociona ouvir grandes músicas de todas as fases enquanto vê lembranças de cada uma, o problema é essa animação se estender por tanto tempo, mais de 30 minutos.
E finalmente começa o show em grande estilo ao som de Can't Buy Me Love, todos os presentes gritando a letra, lindo demais de se ver. Aqui foi som atrás de som, muito da carreira solo e um tanto de Wings pincelado com um ou outro som dos Beatles.
O show foi se mostrando um baita espetáculo, era iluminação mudando de posição, músicos dos metais aparecendo no meio do público e quando chegou Black Bird até mesmo um elevador subiu mostrando um novo telão na parte de baixo. Um segundo piano também com telão surgiu, uma baita aula de produção esse show.
Entre vários momentos emocionantes, em um dado momento que deve ter deixado os tais dos tiozões que se dizem rockeiro de direita para apenas camuflar preconceitos devem ter rasgado o cu com as unhas já que três bandeiras foram levadas ao palco pelos músicos, uma do Brasil, uma do Reino Unido e outra a bandeira LGBTQIA+... ah sem esquecer do carismático baterista com sua bandeira: uma bela taça de vinho.
Além de muito e muito mais, um grande momento lindo de se ver foi quando o show se transformou num tom de heavy metal, com chamas e fogos de artifício saindo do palco na hora da lindíssima Live And Let Die.
No fim tivemos ainda um soco no estômago chamado Helter Skelter, onde tanto a iluminação quanto as projeções te atordoavam tanto quanto o som, obra de arte pura! Uma linda homenagem também veio para John Lennon, com uma bela versão de I've Gotta A Feeling, onde o dueto com Lennon se mostrava com o trecho recuperado do documentário Get Back sendo exibido nos telões. Foi de arrepiar.
Como tudo que é bom dura pouco ou mais ou menos duas horas e meia, aqui veio a parte que me deixou ainda mais estarrecido. Depois de um breve aviso de que seria o fim veio com partes do lado B do álbum Abbey Road. Começando por You Never Give Me Your Money e chegando ao fim de fato com The End para coroar com chave de ouro o fim de um showzaço com um som que coroou do mesmo jeito uma das bandas mais importantes de todos os tempos.
Esse show nos mostrou a importância de um cara como Paul McCartney, que conseguiu ficar na ativa por umas 6 décadas continuando influente e relevante em cada ano. Foi a maneira do cara falar "olha só tudo que fiz parte, no fim deixo amor para vocês". E deixou, ao sair todo público estava cantando "Naaaaanana Nanana Hey Jude" nos corredores do estádio, encontrei pessoas chorando de emoção e ao sair fui com aquela sensação de bem estar que só o amor pode te dar.