30 agosto 2013

Entrevista com Santillo

Olá galera do rock, pra começar venho com muita alegria dizer que estamos inaugurando a Sessão Entrevista23 e como já esta evidente serão entrevistas que iremos fazer de maneira que sejam exclusivas com perguntas inteligentes e sobre o trabalho dos músicos. Ao contrário dessas entrevistas que andamos vendo por aí que mais parece de revistas de fofocas nós queremos coisas que como o nome e proposta do blog diz, de atitude.
Para inaugurar essa sessão, conseguimos uma entrevista com Aldo Santillo, músico em carreira solo com uma banda de apoio de peso que acaba de lançar seu primeiro álbum, Despeito, com identidade própria e uma qualidade ímpar nas suas composições.
Santillo foi muito bacana conosco sendo muito atencioso e até mesmo paciente, o cara é extremamente profissional.
Enfim, vamos ao que interessa a entrevista que ficou muito show de bola:

Primeiramente gostaria de agradecer por responder as perguntas do Attitude23 e pela atenção dada ao nosso blog. Poderia se apresentar aos nossos leitores?
Na verdade eu é que agradeço. É sempre um prazer conversar com os blogs de música que são o canal mais forte de divulgação da música independente no Brasil. E, ainda mais, quando eu percebo que houve uma pesquisa feita a respeito da minha música, como é o caso de vocês do Atitude23.
Eu sou Aldo Santillo, tenho 42 anos, e lancei ano passado meu primeiro CD, Despeito. Sou compositor desde os 15 anos, tenho uma formação musical ampla, incluindo mpb, música erudita e, é claro, rock, em especial classic rock. Estudei música nos EUA, onde me aprofundei mais no estudo do violão clássico e popular, mas não me considero instrumentista. Sempre tive grande dificuldade com o instrumento. Tudo o que consegui foi a custo de muitas e muitas horas de prática. Mas me considero um bom compositor, tanto de música, como de letra. Ultimamente aprimorei minha técnica vocal e hoje me vejo mais como cantor e compositor. Fiquei muitos anos longe da música mas, há coisa de 3 anos, voltei a tocar e a compor até que, "um belo dia, decidi mudar". Saí do meu emprego e gravei meu primeiro CD.

Seu som é bem peculiar, arrisco dizer que conseguiu um sonoridade própria. Como chegou a esse estilo e qual gênero costuma usar ao descrevê-lo?
Desde que comecei a tocar violão, já queria tocar minhas próprias músicas. Não via a menor graça em tocar músicas dos outros. E assim foi com as bandas da adolescência. Sempre tocávamos música autoral. Gosto muito de compor e, em especial, de ver como a música se desdobra quando apresentada à banda. Geralmente, chego com uma ideia e vamos construindo em cima. Acho essa interação muito importante e enriquecedora para o todo da música. A mim, me parece que a música pede pra ser de uma forma ou de outra, ela mesma se guia. Bem, dito isso, fica claro que desde o início eu queria fazer o meu som. Às vezes me vejo como uma esponja, que suga tudo que está à sua volta e, dessa mistura, inconscientemente, sai o meu som. Acho que a sonoridade própria vem disso, do meu desejo desde sempre de fazer um som próprio, de não imitar ninguém e, também, em grande parte, à banda que gravou o CD comigo. 
Costumo descrever o meu som como rock. É de rock o que gosto. Não é metal, não curto muito metal, sou mais da turma do classic rock, curto muito grunge e punk rock. Algumas pessoas que respeito muito musicalmente já descreveram meu estilo como hard rock clássico, outras como pop rock, enfim, tem pra todos os gostos. Sempre defini meu som como rock, a não ser algumas músicas específicas, como Despeito e Corpo Macio, que claramente são de outros estilos. Mas, sem querer cair naquele lugar comum, não gosto de me apegar a rótulos. Faço a música que gosto.

O seu primeiro álbum, Despeito, pelo que podemos observar é independente, conte como foi a gravação dele. Já haviam musicas prontas e as utilizou ou as compôs especialmente pra esse debut?
Despeito foi gravado de forma totalmente independente, com meus próprios recursos. Tive a sorte de contar com a banda que fechou com o projeto e fizemos o melhor que poderia ser feito dentro dos nossos recursos de tempo e dinheiro. As músicas foram sendo arranjadas e gravadas ali na hora mesmo. Eu apresentava a música e a galera ia construindo em cima. Todos os arranjos passavam pelo meu crivo, exceto no caso de Videogames, que eu deixei por conta deles e, na minha opinião, saiu uma beleza.
A gravação do CD começou com uma música que gravamos pra participar de um festival, que consistia em gravar uma música para uma letra de um artista já consagrado. Essa música, depois, passou a se chamar Outro Lugar, e está no CD. Gostei muito do resultado e senti a necessidade de gravar mais. Foi assim que juntei a galera (Marcelo Borges, Jeovah Júnior, Claudio Santillo e Cristiano Lage) e gravamos mais 4 músicas: Despeito, Segunda-feira, Corpo Macio e A Fé. Esta última não entrou neste CD, mas certamente estará no próximo. Depois resolvi gravar o CD inteiro.
Como disse anteriormente, já componho desde os 15 anos então meu repertório de composições é grande. Mas, muitas delas, têm letras que não se adequam à proposta que queria pra este CD, ou por serem muito ingênuas ou por retratarem posições que já não fazem parte de nossa realidade ou de minhas opiniões hoje. Pra este CD gravei músicas como Corpo Macio e Nuvens, que são do final da década de 80, portanto com mais de 20 anos de existência. Outras são de um período intermediário, como Videogames, Bandido, Lua, Despeito, Segunda-feira e Nananá, que datam de meados da década de 90. Ponto., Por Alice, As melhores coisas da vida são as mais recentes, de 2011 pra cá.

Como bem sabemos, você se apresenta em carreira solo e não como uma banda em si. Para apresentações ao vivo usa uma banda própria? Quais os integrantes? Eles participaram da gravação de Despeito?
Pois é, costumo dizer que sou banda e sou solo. Só me apresentei até agora com a banda que gravou o CD, já citada acima. E curto bastante essa formação, por conta da sonoridade que ela produz. É o tipo de som que eu curto mesmo, que me dá prazer ouvir. Mas nada impede que me apresente com outra banda. Os integrantes originais são Claudio Santillo (guitarra e violão), Marcelo Borges (guitarra e violão), Jeovah Júnior (baixo) e Cristiano Lage (bateria). Para a gravação do CD convidamos o tecladista Lauro Almeida, grande amigo, para a participação em algumas faixas e o também amigo e virtuose Mateus Schneider, que fez o solo em Nananá. Nos shows, adicionamos o também guitarrista e produtor Leandro Carvalho
Devo dizer também que neste CD tenho um parceiro em duas músicas, o amigo Walder Clemente. São fruto dessa parceria Nuvens e Ponto. 
No último mês estou ensaiando com uma nova galera muito boa, aqui mesmo do Rio de Janeiro, e espero em breve fazer mais shows com essa nova formação. Pelo que vi e ouvi até aqui, o som promete com essa banda também. Em breve estaremos com o "bloco na rua".

Voltando ao álbum Despeito, bem interessante que mesmo em composições mais complicadas como a bluesada Corpo Macio você preferiu compôr em português, coisa bem difícil de se fazer mas entre os sons, encontramos Videogames que esta em inglês e devo dizer que foi um dos sons que mais curti, pensa em compôr mais em inglês ou só foi uma experiência mesmo?
Sempre compus em português e confesso que não entendo muito bem o porquê de muitas bandas novas só gravarem em inglês. Videogames foi feita em inglês pois a fiz quando morava nos EUA, foi uma coisa de momento. Nunca tive a pretensão ou a vontade de compor apenas em inglês, mas também, como vocês já devem ter notado pela diversidade de estilos que permeia Despeito, eu não gosto de me prender a rótulos e nem vejo com estranheza ter uma música em inglês em um CD praticamente cantado em português. Nananá, se formos pensar bem, é uma música sem letra, mas com um forte apelo ao espanhol mexicano. Poderíamos até dizer que é, também, feita em "outro idioma".
Quanto à sua pergunta, a resposta é SIM. Já estou gravando uma nova música em inglês, chamada "I won`t let you down" que tem uma proposta ambiciosa, de gravá-la com uma cantora de blues e soul já consagrada. Espero um dia conseguir esse dueto.

Nananá é uma musica bem inusitada, me diverti muito com ela, como surgiu a ideia dessa musica sem letras?
Nananá já nasceu assim, sem letra. Mas a "diversão" da música nasceu mesmo foi no estúdio, enquanto gravávamos. Claudio colocou uma guitarra meio mexicana, usando slides, e então a criação do tema vocal foi quase que imediato. Nananá foi, sem dúvida, a música que mais nos divertimos gravando e criando em cima. Eu sempre pensei nela como um instrumental onde faríamos uma brincadeira com efeitos sonoros, como é o caso do burburinho e da música subindo dentro dele. Mas o apelo country rock veio depois, no estúdio mesmo. Gostei demais do resultado.

Curti o álbum por inteiro mas tenho minhas musicas prediletas nele como Videogames como já disse, As Melhores Coisas Da Vida que é uma linda homenagem a um filho e Nananá. Quais sons desse álbum que você tem predileção?
Eu sou suspeito, gosto de todas...rs...A minha menina dos olhos, durante muito tempo, foi Segunda-feira, que considero uma música forte, segura, assim como Ponto. Gosto muito de Por Alice e a própria Despeito, que a princípio destoa do resto do CD, mas que, no conjunto da obra, a enriquece.

Já que mencionei As Melhores Coisas Da Vida, uma curiosidade, você logo na introdução dessa musica, deixa claro que é uma homenagem a um filho. Conte-nos sobre essa bela homenagem e esse belo sentimento que é ser pai.
Sim, essa música foi dedicada ao meu filho, João Rafael, hoje com 15 anos. Foi feita num momento difícil pelo qual passamos. Eu quis fazer uma música que todo pai (ou mãe) pudesse cantar para seu filho, daí surgiu essa música e, pelo que tenho ouvido de algumas pessoas, o objetivo foi conseguido. No ano passado, no dia dos pais, fizemos um vídeo colaborativo dessa música, com fotos de fãs e amigos. O vídeo pode ser acessado no http://www.youtube.com/watch?v=19Q8ORG2j1s .

Quais seus futuros projetos?
Pretendo fazer mais shows e gravar mais. Às vezes fico impaciente já que tenho muitas músicas ainda pra gravar e fico pensando naquela adrenalina do estúdio, em como sairão os arranjos, e quero ver isso logo pronto. Mas com paciência tudo acontecerá ao seu tempo.

Enfim, pra finalizar essas perguntas, gostaria de agradecer ao tempo em que dispôs para nos responder e gostaríamos que se despedisse dos nossos leitores.
Gostaria de deixar o meu muito obrigado ao Atitude23 por abrir este espaço importantíssimo para a música independente e, em especial, aos seus leitores. Convido a todos a curtirem meu som, disponível gratuitamente no www.facebook.com/santillo.rock e, também, a compartilhá-lo por aí com os amigos. Na fan page eles poderão acompanhar mais de perto a evolução da minha carreira, ver vídeos, conversar comigo, enfim, é o canal aberto com o público para a comunicação. Valeu demais!

23 agosto 2013

République Du Salém: Um Novo Olhar No Cenário Do Rock Nacional.

Hoje estamos abrindo uma nova sessão no blog que terá como finalidade divulgar bandas underground. Modéstia à parte, essa sessão abre em alto nível!
Há alguns dias fui apresentada a banda République Du Salém. Ouvi uma música e pensei "Cara, bacana!". Ouvi a próxima e curti ainda mais. Desde então venho ouvindo e literalmente lendo as letras. Estudei uma realese cedida pela própria banda a nosso blog e quero aqui, deixar o nosso parecer a respeito da mesma.

Confesso que rock nacional é algo difícil de agradar a meu "paladar auditivo" -Sendo extremamente franca-  Dessa forma, considero-o como o mais complicado de se fazer. Principalmente quando a banda se propõe a fazer em português -Algo que poucas fazem-, e quando fazem, poucos conseguem deixar de forma "bacanuda" sem fugir da proposta.



Ao ouvir o République du Salém fiquei realmente fascinada com a simplicidade e qualidade do som que eles trazem. Quando digo "simplicidade" não estou dizendo que seja pobre, porque isso visivelmente não é, pelo contrário. A banda, tendo como elementos de inspirações Led Zeppelin, Black Crowes, Allman Brother, Titãs e Mutantes, apresenta-nos um rock diferenciado com letras que te prendem, levam a reflexão e desafogam.
Muitos pontos despertaram a minha atenção a respeito da banda. A começar pelo nome. Em contato com a mesma, recebi a seguinte definição que por sinal, é incrível:


Inspirado na obra “A República”, o nome da banda está ligado à ideia de justiça abordada por Platão, exemplificada em uma cidade perfeita, ou seja, sem falhas. Este conceito só é possível se observado em um ambiente onde não haja erros (o chamado “mundo das ideias”). Completando a mesma ideia, a palavra Salém (hebraica-Árabe) tem alguns significados, dentre eles: paz, plenitude, completo. Republique du Salem, um mundo onde é possível ter paz em meio ao caos.

Além do nome, é muito interessante o visual adotado pela mesma o que, aliás, nos passa exatamente a ideia a que seu som se propõe. Um rock sem frescura e visto sob uma nova ótica.
Como uma amante do som do baixo, gostei muito de ver o dialogo do mesmo com a guitarra e de ambos com demais instrumentos e vocal. Tudo em uma simetria perfeita e singular.
Posso dizer com segurança que o primeiro álbum da banda, O Fim Da Linha Não é o Bastante, composto por seis músicas é um álbum completo e cumpre o que a banda se propõe: Trabalhar composições com temáticas urbanas e poética a fim de induzir a conscientização e atitude.
E eles cumprem isso muito bem. Desde a harmonia e sintonia da banda presente em cada canção, onde percebe-se a importância e respeito mutuo e onde cada um tem seu espaço e o ocupa perfeitamente bem, à boa elaboração das letras de suas composições.

O álbum que tem como primeira faixa Cidadão Kane, (acredito que o titulo TALVEZ faça alusão ao super clássico do cinema do ano de 1941: "Citizen Kane". Uma especie de biografia disfarçada da ascensão e queda de uma importante personalidade. O Filme gerou muita discussão na época e ainda se faz intrigante. Mas enfim, apenas suposição, corrijam-me caso esteja enganada ou precipitada) abre as cortinas com uma critica social sobre o nosso famoso "pão e circo", ao comodismo que vivemos em troca de migalhas e incentiva a dar um basta nisso, a não mais acreditar em falsas promessas.

Dando um salto, temos na terceira faixa uma linda música romaticuzinha: Apenas Uma Canção De Amor. Tem um embalo muito bacana, letra singela e que se mostra verdadeira e conta com a participação de Rachael Billman. Essa música contém um sentimento mais profundo e não trata-se de uma mera canção de amor. Mas uma canção para O verdadeiro amor:


"(...)Atrevo-me a rendição a este amor
Que é tão sincero e verdadeiro
E ele escolhe perdão
Mesmo quando eu tropeçar novamente

Eu continuo lutando para ser justificada
E para tornar tudo claro como cristal
Mas quando tudo está caindo aos pedaços
Eu ainda posso sentir você aqui."


Mais um salto e temos  Expresso 212, faixa que encerra o álbum e encerra com chave de ouro. Essa faixa manteve a qualidade presente em todas as outras, com um super arranjo e uma letra simplesmente incrível.

Não é minha proposta falar de todas as musicas. Até porque não conseguiria passar com fidelidade todo o peso que elas carregam.  Mas nota-se através delas, que o République traça um linha onde consegue ir da critica  ao cotidiano sem deixar "cair a peteca" e trazendo consigo, além de melodias vistas de outro angulo, letras muito bem trabalhadas abrindo mão do "Obvio" e assim cedendo espaço a poesia.
E não pensem que exagero ao falar do álbum! Ele é tão foda que foi pré-indicado ao Grammy Latino 2013 nas categorias "Best Brazilian Rock Album" e "Best New Artist".

Composta por Davi Stracci (Vocais), Guido Lopes (Guitarras, violão, piano, pedal-steel), Marcio Albano (Baixo), Raul Lino (Bateria, backing vocal), trata-se de um projeto recente, mas nem por isso inexperiente já que seus componentes possuem individualmente anos de experiencia atuando em diversas áreas no cenário musical.
O République mostrou para o que veio e deixou evidente seu objetivo. Pela maturidade da banda, pela proposta e pela coragem, espero que logo saiam da cena underground e alcem voo. Estou certa que isso não deve tardar a acontecer.

20 agosto 2013

De lá pra cá, De cá pra lá

Um ano já se passou desde que a ideia desse blog surgiu, desde que ele saiu dos nossos rascunhos pra se tornar o que ele é, muita coisa aconteceu nesse um ano e alguns quebrados e nos fez ter que dar um tempo com ele, coisa que não diminuiu nosso carinho e nossa ânsia por continuar com ele mas nossas vidas estavam muito corridas, ainda estão mas as coisas já estão começando a se colocar em seu lugar e por isso retornamos a nossa programação normal no nosso querido Attitude23.
Pra começo de conversa, e de avisos, devo dizer que iremos dar nosso máximo pra manter posts semanais, pelo menos semanais, acredito que em uma semana ou outra poderemos fazer mais que um simples post mas a promessa fica no semanal mesmo pra não prometer em vão. Explico o porque disso: Desde quando criamos este blog, a proposta sempre foi criarmos nosso conteúdo, ao contrario de muitos blogs que tem como tema o rock e apenas copiam noticias de blogs gringos, nós criamos nosso conteúdo e quando se trata de uma noticia, sempre corremos atrás das informações para passar a noticia da melhor maneira possível, tendo em mente que é verdadeira e não mero boato ou algo que se pareça mais com fofoquinha de revista adolescente feminina. Criar conteúdo é mais complicado do que o famoso Ctrl+C/Ctrl+V, requer pesquisa, sempre procuramos escrever de maneira séria e sem modismo, procuramos entregar posts de qualidade e esperamos sempre que percebam todo nosso esforço pra isso.
Além disso tudo que já citei, devo dizer que estamos pensando ainda em alguma coisa pra comemorar o aniversário de um aninho do blog, já esta espichando esse minino. Além do mais devo avisar que estamos preparando muita coisa bacana, entrando em contato com uma galera bem interessante que irá lhes proporcionar um conteúdo muito show de bola.
Enfim, avisos dados, tudo dito, então não há mais porque se estender né, basta irmos ao rock babys.