04 maio 2023

Summer Breeze Brasil dia 30/04/2023

Não deve ser uma tarefa muito fácil importar um festival dessa magnitude com bandas de todos cantos do mundo, dito isso, pessoal responsável pelo Summer Breeze Brasil está de parabéns pois esse evento não ficou devendo em nada para o gringo.
Ganhei o ingresso de presente de aniversário da minha mulher, que presentaço! Eu tava meio zuado de gripe no domingo, acordamos cedo pra chegar na Estação Barra Funda as 10 horas (horário que abriria os portões), o caso é que moro no extremo contrário dessa estação, pra quem conhece São Paulo: fico na Zona Leste, pra quem não conhece: imagina que um fica no extremo Oeste e o outro no extremo Leste dessa cidade grotesca. 
Pois bem, no fim chegamos as 10:30 e tinha uma baita fila pra entrar, o evento programado para começar as 11h. 
Vamos falar melhor sobre a formatação desses palcos adiante.
Já na fila sentimos as paredes extremecerem com um som brutal, alguém estava subindo no palco e esse alguém era:
Conseguimos entrar na hora que já tinha rolado uns sons da banda mas sem problemas, todo o resto do show desse fucking power trio foi incrível. Alex Camargo estava inspirado, demonstrando que reconhecia algumas pessoas do público, mostrando que por mais reconhecimento mundial que a banda tenha, os caras nunca se esqueceram que vieram do underground do Brasil. De fato, eu como alguém que viu os caras tocando em inferninho e dando sempre um puta show, além de tratamento ímpar pro público, fico sempre feliz em ver o quão grandiosa essa banda se tornou. Max Koslene, pra mim um dos maiores bateristas que o metal já viu, é sempre um show a parte, cada movimento do cara é preciso e reto trazendo uma cozinha brutal pra um death metal impecável. Músicas da atual fase da banda, pesadas feito um atropelamento de idoso foram intercaladas com as clássicas, velozes como a primeira experiência sexual de um adolescente, tendo ainda um brutal cover de Aces Of Spades do Motorhead. A abertura perfeita para um dia ímpar!
Sem muito descanso ou embromação a lenda do heavy metal alemão sobe ao palco. Pra começo de conversa essa é uma das bandas que nos fez querer ir nesse festival, amamos essa banda e velos alí de pertinho foi foda demais. Mesmo com alguns problemas técnicos onde inicialmente o microfone de Chris Boltendahl falhou e teve música inteira só com o coro do público, depois colocaram o microfone pra funcionar mas funcionou tão bem que tava pegando o som da bateria e amplis, explodindo o som todo. Quando tudo normalizou tivemos um dos melhores shows do dia, cheio de clássicos tocados com extrema precisão e carisma. O nosso querido já citado vocalista chegou até a descer pra galera num determinado momento. Que show meus amigos, que show!
Aproveitamos esse momento pra conhecer o palco que ficava separado dos outros, pois o patrocinado por Jack Daniels e o do jogo Diablo IV eram lado a lado, o que achei estupidamente bem acertado, acaba um show e a próxima atração não faz você ter que andar pelo festival para assistir, aprende aí Rock In Rio! Enfim, o terceiro palco, patrocinado pela Xiaomi, ficava separado e tocava nos mesmo horários de outros shows, o que te  fazia ter que escolher entre uma atração ou outra, ou até mesmo ter que assistir um pouquinho de cada. Enfim, chegamos nesse palco e o Project 46 estava destruindo tudo com uma galera extremamente empolgada curtindo as pancadarias da banda. Comemos um projeto de yakisoba de 30 conto enquanto ouviamos o coro "se depender de nós FODASSE!", achei poético pra um caralho! Aproveitamos também para andar pelas instalações do evento que contou com uma mostra geek e uns cosplays de filmes de terror. Ah tinha uma instalação do Diablo IV também, cabulosa até dizer chega. Na parte da comida tinha bastante diversidade de food trucks com preços até que não tão caros como se costuma ser, achei só a cerveja uma facada mas segue a vida.
Olha no canto esquerdo haha

Depois de conhecer as mostras e até um pavilhão inteiro voltado a tatuagem. Demos aquela descarregada de cerveja no banheiro e fomos ver essa banda mais que bem vinda. O Finntroll entra para aquela leva de bandas que imaginei que nunca veria ao vivo. Imaginei que não era tão famosa assim para fazer valer o investimento de um produtor para trazelos para as terras quentinhas do sul. Errei, e ainda bem, pra mim um dos show mais divertidos do dia, os caras estavam visivelmente feliz em estar tocando aqui, para um público bem grande por sinal. O mais interessante é o número de gringos que estavam a nossa volta, tinha um casal argentino que aparentemente vieram para vê-los, na nossa frente tinha duas versões vikings de um metro e meio que estavam conversando em uma lingua que não conseguimos distinguir qual era e por aí ia. Voltando ao show, o que amo nessa banda é o desprendimento com a seriedade que o metal extremo quer ter, os caras usam corpse paint na cara mas também orelhinhas de orcs ou elfos, o palco é todo tematizado mas conta com um coelhinho de pelúcia sobre uma caixa, tudo é entre o brutal e o foda-se e isso é maravilhoso. Todas as músicas, sem excessão, tiveram o coro da plateia, que mesmo não sabendo cantar em sueco, quando não sabiam entoar as letras, mandavam coro de fundo pro ritmo. 
Aqui entra aquele lance de ter que escolher entre uma banda e outra, saimos antes do show do Finntroll acabar para poder chegar no início do Testament. Os mestres do thrash estadunidense começaram esmigalhando tudo, sem dar muito espaço para descanso. O Testament, assim como algumas outras bandas thrash, abraçaram uma sonoridade atualizada que é muito bruta e boa, me desculpem os puristas mas o thrash conseguiu se atualizar muito bem, e dito isso, o Testament lançou excelentes albuns nos últimos anos e consegue colocar no seu setlist qualquer fase da sua longa trajetória sem passar vergonha ou baixar o nível mas logicamente clássicos como Into The Pit não deixam de ser revisitados, para nossa alegria, é óbvio! Foi um show brutal com direito a roda , gente voando e perdendo tênis, jogando cerveja pro alto e tudo mais o que um bom show deve ter.
Lembra que falei que eu estava doente no dia, na verdade enquanto escrevo esse texto ainda não tô bem, mas vida que segue. Voltando, o sol estava me pegando e no início da banda de hard rock do ex batera do Dream Theater, eu já tava meio que pedindo arrego, a banda é foda e eu conheço bem pouco sobre ela para ser sincero mas não é aquele tipo de som que me pega pelas bolas e isso misto ao sol e gripe infernal me bodeou um pouco.
Beast In Black
Lembra do lance de escolher? Pois bem, fomos ver o Beast In Black, o que se mostrou uma boa escolha, o local estava com sombra e a banda é realmente bacana. Conhecia uma ou outra música deles mas nada muito a fundo e os caras são ótimos no que se propõe a fazer, uma espécie de power metal com fortes inclinações eletrônicas com um vocal tão fino que faz Judas Priest parecer gutural. O grande lance aqui é que os caras mandam um som de muita qualidade mas olham para as convenções do metal e passam a bunda nelas e esse tipo de anarquia me deixa muito feliz.
Antes do Beast In Black acabar voltamos aos palcos principais porque estava para começa a destruição sonora alemã. Pontualmente as cortinas instaladas a frente do palco descem e a pancadaria se inicia. Por falar em contina, o show do Kreator foi o mais bem produzido de todos, com direito a estátuas pelo palco e explosões pirotécnicas, tudo a altura da banda. Pra mim foi o melhor show do dia, tão certeiro, reto e brutal que enquanto no Testament alguém perdeu o sapato, aqui alguém perdeu a blusa que saia voando de um lado pro outro. Tinha cara que tava trabalhando vendendo bebidas no meio do mosh, viajando no som. O som do Kreator consegue ficar ainda mais brutal ao vivo, é algo que te dá vontade de espancar filhotinhos de tão pesado, vai ser bom assim no inferno!
Aquela caminhadinha cansada na passarela lotada para chegar no palco onde o Napalm Death já estava destruindo tudo. Enquanto o Kreator fez o show mais bem produzido, o Napalm Death fez o menos produzido, apenas um fundo preto com os quatro músicos destruindo tudo e mais um pouco na frente. Rolou até um "fuck Bolsonaro" que acabou selando o já famoso e cheiroso "Ei Bolsonaro vai tomar no cu". Enfim, vimos uns 20 minutos de Napalm e é um tanto bom de destruição viu, que banda foda amigos.
Chegamos aos palcos principais com o som já rolando e público a se perder de vista. Conseguimos um bom lugar, apesar daquela obra de arte em forma de mão ficar na frente de um pouco do palco, dava pra ver todo o resto muito bem e que espetáculo. Tobias Sammet é com certeza um grande showman, o cara consegue controlar a platéia e fazer aquelas conversas como se fosse um velho amigo te visitando, a banda é um show a parte, apesar de um ou outro deslize que ninguém liga. O fato é que as músicas do Avantasia funcionam demais ao vivo, são simples e gostosas de cantar junto da galera. As participações especiais foram outro show a parte, de vocal do Mr. Big a do Primal Fear, só gente de primeira para um show incrível.
O último show do palco separado iria demorar um pouco e por isso resolvemos dar uma volta para pegar um CD nas lojas de música que se formaram lá dentro, peguei o The Mystery Of Time do Avantasia pois tava ainda mega empolgado com o show. Depois de um descanso de nada começa o show do Stratovarius. A banda é incrível de fato mas parece um show tão protocolado, tudo funciona perfeitamente mas a sensação é que parte da banda não queria estar com o resto. Músicas de todas as fases foram tocadas, com direito a instrumental que foi de tirar o fôlego, sério, guitarrista monstro. Rolou também a já manjada piadinha com sobrenome do baixista, Lauri Porra. Enfim, foi um baita show de uma banda que leva a sério a ideia de virtuosismo.


Aqui um porém que queria fazer, lá de tarde enquanto excursionavamos descobrimos que um dos palcos era exclusivo para quem comprava uma espécie de VIP. Até então beleza, o grande problema é que uma das bandas que nos fez comprar o ingresso do Summer Breeze iria fechar a noite alí, nos sentimos meio que tapiados já que essa informação precisava de muita pesquisa no site do evento para descobrir, tomar no cu. Mas enfim, com isso nossa noite foi encerrada sem Evergrey.
De certa forma estava cansado demais já, a gripe estava me moendo por dentro e a fome também, então de toda forma beleza, voltar pra casa de maneira fácil, já que o metrô tava logo ali e ainda tinha um Bob's dentro pra saciar as lombrigas. 
Um dos melhores eventos da minha vida que vou guardar na memória com muito carinho, valeu Summer Breeze, você me fez sentir bem.