06 abril 2017

Mulheres, Galeria do Rock e Declínio


Fala cambada. Vocês conhecem a Galeria do Rock que fica no centro de São Paulo? Como as únicas vozes que consigo ouvir é as que estão em minha cabeça, vou imaginar que vocês estão dizendo sim. Mas caso um de vocês viva em Krypton e não faça a menor idéia do que estou falando vai um pequena explicação:

A Galeria do Rock é uma galeria voltada ao Rock.

Nossa, eu poderia ser professor, explico as coisas muito rápido e de uma maneira que não sobram duvidas... Como assim você não entendeu? Puta que pariu hein Kryptoniano! Simbora pra mais uma explicação:

A Galeria do Rock, é uma galeria de lojas que foi fundada em 1963 na capital paulista com um belo projeto arquitetônico. A princípio a galeria era chamada de Centro Comercial Grandes Galerias, não era voltada ao rock, em sua maioria abrigava alfaiatarias e coisas do nível mas depois do declínio deles a galeria também entrou em declínio e começou a ganhar lojas com artigos punks, skinheads e claro, de metal. O problema é que essas tribos se estranhavam e a porradaria comia solta (peguei o final dessa época em minhas primeiras visitas, era glorioso). Com o tempo os lojistas começaram a profissionalizar melhor o espaço e tudo se tornou seguro, ou pelo menos bem mais seguro. Com o rock entrando em declínio, outros tipos de lojas começaram a ganhar espaço na galeria, como estúdios de tatuagem, lojas de artigos de skate, de artigos nerds e cabeleireiros (lembrando que o subsolo e o térreo são lojas voltadas ao rap, hip hop e reggae desde muito sempre).

Agora que todos estão bem informados, contando com o Kryptoniano (bem feito que o seu planeta explodiu), podemos continuar.
O buraco do meio da Galeria do Rock.

No fim do ano passado, aquele lá que acabou para esse novo ano começar, fui até a Galeria do Rock em busca de um presente para minha amada esposa do meu coração. De fato o que eu queria era a cereja do bolo, sabe? Aquele presente que faz parte de um conjunto de outros e que serve apenas para complementar a porra toda de uma maneira inteligentemente carinhosa. Entendi o seu foda-se! Enfim, essa cereja do bolo era uma estampa do Iced Earth, uma banda que a minha mulher aprecia bastante, o que eu queria na verdade era uma baby-look, aquela camisetinha feminina.
Fui a todas lojas que vendem estampas na galeria (já devo ter repetido essa palavra umas trocentas vezes e vou repetir mais, acostume-se), poucas lojas tinham camisetas do Iced Earth, nenhuma tinha baby-look da banda. As lojas possuíam as baby-looks clichês de sempre, AC/DC, Doors, Queen e outras bandas de rock clássico ou hard rock, algumas de metal ou punk mais acessível mas nada, nada mesmo, porra nenhuma, de metal underground ou de algum sub gênero extremo.
Os E.U.A. não sabem dessa ramificação do ISIS

Isso me fez meditar sobre o assunto, pois estamos falando do maior polo voltado ao rock do Brasil e nele as mulheres não poderão encontrar a porra de uma baby-look de uma banda que gostam.
Não estou aqui querendo bancar o discurso feminista pois não é esse o caso já que de certas bandas não conseguimos achar estampa nem pra um nem pra outro, um exemplo é o Evergrey, onde você não encontra estampa em formato algum. 
O que quero falar é do mercado como um todo, pois voltando ao publico feminino, eu como fan de metal extremo posso atestar que publico feminino não falta nesse gênero. Porém as meninas que curtem esse tipo de som e querem uma estampa de uma que não está no mainstream, terão que suar a camisa e quando falo a camisa, é uma camisa que ainda nem tem. Muitas vezes quando você vê uma menina com uma estampa de uma banda assim, ela acaba tendo que usar uma estampa masculina, muitas vezes dão umas personalizadas, fatiadas de uma maneira que fica até que bonito.
A internet está sendo uma boa saída a isso também pois lojas como a Contra Grife (estamos fazendo propaganda sem ganhar porra nenhuma com isso, devíamos ir pro paraíso), vendem estampas personalizadas e da pra encontrar de muita coisa no catalogo dos caras. 
Porém o mercado do rock tem que acordar para isso pois já vemos um declínio ali mesmo, na Galeria do Rock, desse tipo de mercado e nós que somos clientes dele, não queremos que acabe mas se continuarem a subestimar seu publico, podem continuar em declínio até chegar ao fim.

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